Pesquisa da Unoesc mostra que Extremo-Oeste enfrenta desafios com superbactérias
05.03.2024
O uso inadequado de antibióticos tem desencadeado uma crescente ameaça à saúde global: as superbactérias ou bactérias multirresistentes. A Diretora de Pesquisa, Pós-graduação, Extensão e Inovação da Unoesc São Miguel do Oeste, professora Eliandra Mirlei Rossi, explica que, contrariando a crença popular, não são as pessoas que se tornam resistentes aos antibióticos, mas sim as bactérias, que desenvolvem essa resistência em seus organismos, tornando os tratamentos tradicionais cada vez menos eficazes.
A pesquisadora comenta que o mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para um aumento preocupante no número de óbitos relacionados a bactérias resistentes aos medicamentos convencionais. O problema, que já causou 1,2 milhão de mortes, tem previsão de superar os óbitos provocados pelo câncer até 2050, tornando-se a principal causa de morte no mundo.
— O termo superbactérias se refere a micro-organismos que desenvolveram resistência devido ao uso inadequado de antibióticos. A situação é alarmante, pois a resistência reduz drasticamente as opções de tratamento disponíveis, tornando as infecções mais difíceis de controlar e os tratamentos mais desafiadores — reforça Eliandra.
Pesquisas conduzidas pela Unoesc São Miguel do Oeste revelam que a resistência bacteriana não é exclusividade de grandes centros urbanos. O Extremo-Oeste de Santa Catarina enfrenta desafios similares, com índices alarmantes de resistência, especialmente em ambientes hospitalares e comunitários.
— Resultados de pesquisas na região demonstram a presença de superbactérias em locais como lesões de pele de pacientes hospitalizados, infecções urinárias em pacientes não hospitalizados e superfícies de equipamentos. Portanto, conscientização sobre esse problema se torna crucial para a saúde da comunidade — enfatiza a professora.
Resumidamente demonstramos no quadro abaixo os resultados das pesquisas realizadas nos últimos anos.
Local de isolamento das bactérias | Porcentagem de bactérias multirresistentes encontradas |
Lesões de pele de pacientes hospitalizados | 91,02% |
Infecções urinárias em pacientes não hospitalizados | 100% |
Tubos de ventilação mecânica usados por pacientes hospitalizados | 50,84% |
Infecções respiratórias em pacientes hospitalizados com COVID | 87,5% |
Superfícies de equipamentos | 71% |
Mãos e narinas de pessoas da comunidade local | 42,8% |
Mãos e narinas de profissionais/estudantes de saúde | 58,3% |
Águas de rio | 22,22% |
Prevenção e Conscientização
Eliandra destaca que evitar o uso inadequado de antibióticos é fundamental. Medidas simples, como seguir corretamente as prescrições médicas, descartar antibióticos de maneira apropriada e conscientizar a população, são passos essenciais para combater a resistência bacteriana.
— A resistência bacteriana não é apenas um desafio individual, mas uma questão que exige ações coordenadas. Instituições como a Unoesc estão empenhadas em pesquisa e conscientização para mitigar os riscos na interface da saúde pública, animal e ambiental. Não se trata de evitar o uso de antimicrobianos, mas de utilizá-los com responsabilidade. A correta administração desses medicamentos, aliada à pesquisa científica e conscientização da população, é essencial para preservar a eficácia dos tratamentos antimicrobianos — finaliza.
Para evitar o surgimento das superbactérias (bactérias multirresistentes) devemos adotar medidas simples como:
- Nunca usar antibióticos sem a indicação do médico ou dentista;
- Usar a dose que foi prescrita e nos horários corretos, pois usar doses maiores não acelerará a cura;
- Nunca parar o tratamento antes do prazo indicado, mesmo que você tenha melhorado;
- Não usar antibióticos fora do prazo de validade, pois podem não fazer efeito e causar resistência bacteriana;
- Não guardar sobras de antibióticos em casa, pois a quantidade geralmente não é suficiente para um novo tratamento;
- Não quebre comprimidos ao abrir cápsulas, sem orientação adequada, isso pode levar a perda do efeito. Os antibióticos são feitos para agir no local certo e na dose certa;
- Não descartar os antibióticos no vaso sanitário ou no lixo comum, para descartá-los peça orientação ao farmacêutico, na farmácia onde você comprou o medicamento.