Produtores rurais da região sul buscam fontes alternativas de energia elétrica
02.05.2021
Antonio Rozeng e Marcos Dalmoro – Em um momento em que a sustentabilidade é pauta frequente e a busca por fontes alternativas de produção de energia elétrica se intensifica, produtores rurais da região sul de Santa Catarina vem, cada vez mais, apostando em alternativas com menor impacto ambiental e mais economia ao bolso do homem do campo. Os painéis de energia solar fotovoltaica ganham popularidade nas propriedades rurais.
É o caso do produtor rural Hélio Meurer, de 54 anos, que mora em Braço do Norte. Há seis meses, investiu R$350 mil reais e instalou 262 placas para captação de luz solar, em um espaço de mil metros quadrados, junto a granja de suínos. Para manter as 1.300 matrizes, que produzem 2.400 leitões a cada 21 dias, seu Hélio gastava uma média de R$ 7 a 8 mil, por mês. Depois da instalação, o valor caiu para R$ 700,00.
Esse valor, segundo conta Hélio, é o valor de custo para manter o local ligado à eletricidade. Durante o dia, seu Hélio gera energia elétrica, que é jogada na rede. Durante a noite, uma parcela do que foi gerado retorna para manter a energia elétrica dos galpões e da casa onde seu Hélio vive.
Quando ciência e tecnologia andam juntas e aplicadas à comunidade os resultados aparecem rápido. É o que destaca o professor Dimas Ailton Rocha, Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão do Unibave. “Estamos fora de grandes centros urbanos, mas de olhos atentos as principais inovações do planeta. Nossos jovens estudam e desenvolvem tecnologia para mudar as suas realidades e da comunidade que os cerca, e fazer ciência, desta forma, é o que faz a diferença para construção de vínculos entre uma carreira e desenvolvimento socioeconômico”, disse.
Instalar placas no telhado tem menor custo
O Engenheiro Agrônomo, formado pelo Centro Universitário Barriga Verde (Unibave), Murillo Mariano Bagio, realizou um estudo no seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), orientado pela professora Janaina Veronezi Alberton, justamente observando a viabilidade das instalações para produção de energia elétrica à partir da luz do sol.
O estudo intitulado “Viabilidade econômica para instalação de sistemas solares fotovoltaicos com diferentes sistemas de fixação em propriedades rurais de pequeno porte”, aponta as vantagens e desvantagens, além de se aprofundar no tema da produção da energia elétrica, seus impactos ambientais.
“Tanto o sistema em solo, quanto ao sistema em telhados são viáveis para o produtor. Ele economiza dinheiro e ainda ajuda o meio ambiente, utilizando uma fonte de energia que não vai acabar”, afirma Murilo. No estudo ele ainda aponta para oscilações constantes, que o sistema de geração de energia elétrica sofre no Brasil em períodos de estiagem. Já que mais de 60% da energia produzida no pais depende das hidrelétricas. “Em períodos de estiagem o valor cobrado pelo KWh aumenta consideravelmente, assim por consequência resultando nas bandeiras tarifárias amarela e vermelha”, destaca.
O estudo apontou que o custo para instalação no telhado é menor. Já que o produtor deixa de gastar com terraplanagem do terreno e a instalação das estruturas. “Vai depender de cada caso. É necessário um acompanhamento técnico em relação a disponibilização solar”, aponta o Engenheiro Agrônomo.
A economia paga o financiamento do investimento
O mesmo caminho que levou seu Hélio a instalação das placas para geração de energia, está tomando Altair, de 61 anos, e Josinaldo Borghez, de 34 anos. Pai e filho devem ligar o sistema de geração de energias no telhado da granja de suínos na próxima segunda-feira (03/05), na comunidade de Brusque do Sul, em Orleans.
Os produtores investiram R$ 340mil na instalação do sistema de placas, que foram financiados. “O financiamento é de 10 anos, mas pelo que estamos vendo vamos tirar o valor investido em no máximo cinco anos”, analisa o Josinaldo. Eles gastavam em média de R$ 10mil por mês, com sete relógios para manter a granja e as casas que servem de moradia para as famílias.
“É um projeto com investimento alto. Mas que em pouco tempo se paga, dependendo da atividade que o produtor exerce. Em atividades com alta demanda energética, e que a conta de luz é elevada, se torna extremamente viável o investimento”, analisou a coordenadora do curso de agronomia e orientadora do TCC, Janaina Veronezi Alberton.
A coordenadora de pesquisa do Unibave, Ana Paula Bazo, ressalta a importância do impacto que o trabalho de iniciação científica representa na comunidade entre ensino, pesquisa e extensão. “Por meio do ensino aliado à pesquisa científica e impulsionados pela demanda e contribuição da comunidade, nasce uma tecnologia inovadora e sustentável para sociedade”, analisa Ana Paula.