Acadêmicas do curso de Pedagogia arrecadam livros para biblioteca da Penitenciária Sul
19.07.2022
A atividade foi realizada na disciplina de Projeto de Estágio de Gestão Escolar, da sétima fase, e executado pelas acadêmicas Daiane Geraldo da Silva, Natália Alexandre Antunes e Morgana Laurentino Alberton.
Elas organizaram uma campanha de arrecadação de livros, com auxílio de amigos e conhecidos por meio das redes sociais. Depois, fizeram a triagem e a separação por gênero literário. A iniciativa partiu da acadêmica Daiane, que pretende fazer o projeto de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em uma unidade prisional. Com a pesquisa, percebeu a necessidade de mais livros.
“Eles têm um projeto chamado Despertar pela Leitura”, e no dia que fui visitar percebi que não tinham muitos livros. Sugeri fazer um projeto de estágio para arrecadar mais”, relata Daiane da Silva. A acadêmica disse que a ideia foi bem recebida, tamanha a necessidade de renovação.
A prática da leitura
O professor responsável pela disciplina de Estágio, Alcionê Damasio Cardoso, diz que praticar a leitura literária oportuniza desenvolver uma relação dialógica com o que se lê, transformando a informação lida em conhecimento apreendido. “Ele pode vir a se libertar, mesmo quando encarcerado, e passar produtivamente por um consciente processo de afastamento da sua realidade e de seus companheiros de cela, de prisão. Mesmo por alguns instantes”, analisa o professor.
Segundo Alcionê, é papel fundamental dessa relação acrescentar mais livros para um maior leque na leitura e, assim, contribuir para a preparação da volta ao convívio social. “Doar livros é um ato de cidadania, principalmente, quando se trata de instituições prisionais”, pontua.
A professora de Português, Débora Savi de Souza, que atuava como orientadora de leitura na Penitenciária Sul, na época da execução do projeto, aponta a biblioteca como um espaço importante para apenados, reeducando ou, como ela mesmo prefere, tratá-los como alunos. “É comum quando eles chegam numa penitenciária eles serem por um número de matrícula. É importante que eles se sintam com uma identidade”, comenta a professora que sempre tratou os alunos pelo nome.
O consumo desses livros vai dos clássicos da literatura brasileira até os da literatura estrangeira. “Quando eu passava uma lista, perguntava o que eles tinham vontade de ler. Aparecia, na lista de todos, desde Dan Brown, livros evangélicos, espíritas a Richard Bach”, relata a professora.
Segundo Debora, dentro da penitenciária, é importante ter um olhar para eles apenas como alunos. “Como professores, nem procuramos saber o crime que eles cometeram”, comentou. Os detentos têm direito de pegar um livro para ler por mês, ou seja, 12 por ano, com toda a responsabilidade para não rasgar as páginas, não escrever e conservar as páginas. Eles fazem resenhas sobre o que leram e, a cada resenha, reduz em quatro dias o tempo de pena.
“É de suma importância ter uma biblioteca renovada”, comentou a professora. Segundo ela, é importantíssimo mostrar para a sociedade que sem educação não se vai a lugar nenhum.