PESQUISA REALIZADA NO PPGTI ABORDA GESTÃO INTELIGENTE DA ÁGUA PELA INDÚSTRIA
26.04.2023
A gestão sustentável dos recursos hídricos é um dos desafios mais prementes da atualidade. Melhorar a qualidade da água através da redução da poluição e da utilização inteligente faz parte do objetivo número seis do Movimento ODS, iniciativa global que visa promover a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. A Unochapecó, como signatária do movimento, incentiva a produção científica de pesquisas sobre a preservação dos recursos hídricos, especialmente voltadas à realidade do Oeste catarinense.
A redução no consumo de água na indústria frigorífica está diretamente relacionada com os objetivos do desenvolvimento sustentável. No mês de fevereiro, essa temática esteve em destaque no Programa de Pós-graduação em Tecnologia e Gestão da Inovação, com a apresentação da pesquisa realizada pelo agora mestre Rubens Postali. Sob orientação da docente Francieli Dalcanton, o acadêmico desenvolveu a dissertação intitulada ‘Aplicação da metodologia de produção mais limpa em abatedouro de peru da Região Oeste Catarinense com ênfase em redução no consumo de água’. A co-orientação do trabalho foi dos professores Josiane Maria Muneron de Mello e Cristiano Reschke Lajús.
Inserção
Postali, que é médico veterinário, atua há 17 anos na indústria frigorífica e entende que o consumo de água é um tema crítico para o processo produtivo. Na agroindústria avícola, a redução do expressivo volume de água utilizada é um desafio diante da situação hidrológica dos rios catarinenses, que ficou comprometida devido à falta de chuva nos últimos anos. Essa problemática se tornou um dos pontos centrais da dissertação, de acordo com o acadêmico.
“Aliado à vivência do tema na prática, o fato de estudar as disciplinas voltadas ao meio ambiente e metodologia Produção Mais Limpa (P+L) me motivaram a aprofundar o estudo desta linha de pesquisa. A empresa em que foi aplicada a metodologia P+L sofre frequentemente períodos de escassez hídrica, bem como a comunidade em que ela está instalada”, afirma Postali.
Francieli explica que a metodologia P+L foi desenvolvida pela Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), e pelo Programa das Nações Unidas para o meio ambiente (PNUMA). A ideia central é de que é possível evitar ou minimizar a geração de resíduos e emissões poluentes desde o início do processo produtivo, ao invés de tratar esses problemas apenas no final do processo. A aplicação envolve uma análise detalhada de todas as etapas, com o objetivo de identificar oportunidades de redução do consumo de recursos naturais, como água e energia, e de redução da geração de resíduos e emissões.
Impacto
A adoção do P+L pode trazer inúmeros benefícios para a sociedade e o meio ambiente, com a redução da pegada ecológica das empresas, que se tornam mais responsáveis e sustentáveis. O resultado da aplicação pode ser visto a curto, médio e longo prazo. “Inicialmente, o impacto foi localizado na empresa onde o trabalho foi desenvolvido. Num segundo momento, outra planta da mesma empresa também seguiu uma linha de pesquisa similar, também influenciado pelo curso de mestrado da Unochapecó. Num futuro próximo, acredito que é possível disseminar para outras unidades da companhia”, diz Postali.
Além disso, a P+L pode gerar ganhos econômicos significativos para as empresas, através da redução de custos de produção, da melhoria da qualidade dos produtos e da ampliação do mercado consumidor, que cada vez mais valoriza empresas com práticas sustentáveis. De acordo com a orientadora, o resultado superou a meta estipulada pelo projeto de pesquisa.
“Os resultados atingiram uma economia superior a 20% no consumo de água, correspondendo a mais de 600 metros cúbicos por dia. O ganho financeiro foi superior a R$ 10 mil por mês, podendo atingir mais de R$ 300 mil em caso de escassez hídrica. Esta água economizada gerou maior disponibilidade para a população do município, contribuindo para seu crescimento e desenvolvimento sustentável. Além disso, o envolvimento dos colaboradores foi fundamental, gerando uma consciência ambiental e garantindo a sustentabilidade do negócio”, conclui Francieli.